Qua, 15 de agosto de 2018, 14:57

HU faz primeira cirurgia endoscópica transnasal
Grande vantagem do procedimento é a baixa invasividade

O Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), filial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), conseguiu realizar a sua primeira neurocirurgia de base de crânio por via endoscópica transnasal. Uma paciente de 39 anos, que já recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi submetida ao procedimento para retirada de um adenoma na glândula hipofisária, tida como a glândula mestra do organismo.

A principal vantagem desse tipo de procedimento foi não precisar “abrir a cabeça do paciente”, mas ter acesso ao tumor por via transnasal, conforme explica o otorrinolaringologista do HU-UFS, Ronaldo Carvalho.

“Nesse tipo de cirurgia, o médico otorrinolaringologista é responsável por acessar o tumor, que neste caso estava dentro da hipófise. Antigamente, era preciso abrir a cabeça do paciente, agora o otorrino faz o acesso por meio do nariz, indo até a região intracraniana, onde está o tumor. A partir daí, o neurocirurgião tira esse tumor através do nariz. Operamos em conjunto”, explica o especialista.

Indicação

A paciente em questão foi encaminhada para cirurgia pela médica endocrinologista Angela Leal, do HU-UFS. “A indicação foi para retirada de um adenoma na glândula hipofisária. Essa paciente fez exames, foi avaliada, definiu-se qual seria a causa do problema, qual o local onde estava havendo excesso de cortisol e, por fim, foi indicado o procedimento. Mostramos a imagem onde está a lesão, qual o motivo da indicação e, agora, estamos fazendo o acompanhamento pós-cirúrgico”, relata Angela Leal.

Para fazer esse procedimento, foi necessário envolver, além de otorrinolaringologista e endocrinologista, o neurocirurgião. “Foi um ato cirúrgico combinado entre a neurocirurgia e a otorrinolaringologia. O método usado é um acesso transfenoidal, através da cavidade nasal. A equipe do otorrino acessa a cavidade nasal com endoscópio, atinge a parte intracraniana e a neurocirurgia entra efetivamente na base do crânio para ressecção do tumor, localizado na glândula chamada hipófise”, detalha o neurocirurgião Adriano Rocha.

Complexidade

Ele conta que o procedimento é complexo, tanto pelo ato médico como pelo equipamento necessário para desenvolvê-lo, mas que a cirurgia foi bem-sucedida no seu objetivo. “A paciente tinha um diagnóstico grave, evoluiu muito bem no pós-operatório. Recebeu alta, ficou somente 24 horas na UTI, não houve nenhuma complicação clínica no pós-operatório e agora ela volta a fazer o controle endócrino para vigiar a evolução do ponto de vista hormonal”, descreve.

De acordo com o neurocirurgião, a principal vantagem desse tipo de procedimento é a baixa invasividade. “A opção inicial seria uma microscopia, mas o acesso microscópico envolve uma agressividade maior dentro da cavidade nasal. Já o endoscópio, traz pouca lesão de tecidos, menos possibilidade de complicações vasculares, glandulares e também dos tecidos neurológicos”, diz Adriano.

O neurocirurgião relata que a paciente operada recebeu a primeira consulta no HU em março, com cirurgião oncológico, por causa das consequências desse tumor, de menos de 1 cm, na hipófise. Ela apresentava vários sintomas que levaram à pesquisa de uma lesão na glândula adrenal. “Na última consulta com a endocrinologista, ela foi diagnosticada com 11 patologias consequentes desse pequeno tumor. Foi feito um esforço especial para que pudéssemos fazer essa cirurgia no menor tempo possível”, falou.

Tanto o neurocirurgião quanto o otorrinolaringologista são unânimes em afirmar que a neurocirurgia de base de crânio por via endoscópica transnasal apresenta benefícios, não apenas pela baixa agressividade aos tecidos, mas também pela melhor visualização de estruturas nobres.

Piloto

“Quando estamos manipulando uma glândula que praticamente coordena todos os outros hormônios do nosso corpo, essa melhor visualização e essa menor manipulação fazem a diferença fundamental na evolução do paciente, permitindo que ele não desenvolva várias complicações clínicas”, afirma o neurocirurgião.

A princípio, de acordo com os profissionais envolvidos, essa foi uma cirurgia piloto, mas a expectativa é que esse procedimento vire uma rotina no HU-UFS. “Por essa via transnasal com endoscópio, o HU é o único que faz pelo SUS [Sistema Único de Saúde] em Sergipe. Já temos pacientes com problemas hormonais, que precisam fazer a cirurgia, mesmo que os casos sejam menos graves do que o dessa paciente. Como iniciamos agora, vamos começar a programar a assistência cirúrgica a esses pacientes potenciais”, informa o médico otorrinolaringologista Ronaldo Carvalho.

Sobre a Ebserh

Desde 2013, o HU-UFS faz parte da Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua na gestão de hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

Criada em dezembro de 2011, a empresa administra atualmente 40 hospitais, sendo responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.

Unidade de Comunicação Social do HU


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